Amargo sabor de boca
Mais um ano, mais uma corrida em Olivenza. Em tempo de crise, muitas foram as dúvidas na hora de escolher, mas a eleita foi a última da feira, mas em má hora…
Praça cheia, apesar da chuva e do incómodo que é sentarmo-nos naquelas bancadas. Mas a paixão é maior que isto tudo e a ansiedade para que a corrida se inicie é maior que tudo isto.
Mas, desta feita, foi mau demais para o que Olivenza me habituou em anos anteriores. Tudo por culpa dos toiros, chegando a ouvir-se por várias vezes o grito de que quem manda é o toiro e que sem toiro não há festa. Lidou-se um curro de toiros de Zalduendo, muito pobre, de escassa apresentação, manso e com pouca força.
Das faenas da tarde, muito pouco para recordar: o esforço pouco habitual de Morante de la Puebla perante o segundo do seu lote, um sobrero de Garcigrande; a grande estocada de Manzanares ao quinto da corrida e faena de Talavante ao último da tarde em que logrou a única orelha deste pobre festejo.
Perante o primeiro, anovilhado, sem presença, indigno de pisar a arena de Olivenza, Morante pouco pode fazer. Deu um ar da sua graça com o capote e abreviou com a muleta. Silêncio no final para o toureiro e assobios para o toiro no arrastre.
O quarto, um manso perdido, foi substituído pelo sobrero de Garcigrande (falta saber se por mansidão – algo inédito – ou se por algum defeito de visão). Com este Morante esteve voluntarioso e esforçado, mas o sonso astado levou a melhor. No final escutou ovação.
Jose Maria Manzanares nada podia fazer perante o fugidio primeiro do seu lote, que desde que saiu pela porta de chiqueiros se negou à luta, procurando constantemente tábuas, de onde se negava a investir. Culminou com uma boa estocada e foi silenciado o toureiro e assobiado o toiro.
No seu segundo, tão pouco pode brilhar o diestro alicantino. Ligou alguns passes de muleta, sem que o toiro transmitisse. Valeu a grande estocada com que terminou a ingloriosa atuação desta tarde. No final saudou nos tércios a ovação calorosa e carinhosa do público.
A Alejandro Talavante tocou o lote menos mau. O seu primeiro mostrou falta de força e de transmissão, o que o matador aproveitou para o seu toureio de cercanias, arrimandos-se até ao limte e causando a emoção que faltou ao toiro. Matou de pinchazo e descabello, tendo perdido uma orelha.
O último toiro da corrida foi o melhor, demonstrando muito maior mobilidade, génio nas investidas, a pedir contas ao toureiro. Pela direita vimos os passes mais templados da tarde e com maior profundidade. Pela esquerda mostrou-se perigoso. Teve mérito o toureiro que passeou uma orelha (a única da tarde), após ter matar de estocada, depois de pinchar.
Amargo sabor de boca, pois, no final… Foi caso para dizer que corrida de expectação, corrida de desilusão…E que desilusão!
Por: Catarina Afonso
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