Deu Saudade, só isso!...

Na passada quinta feira fui aos toiros ao Campo Pequeno. Havía estado na corrida da reinauguração, há já sete anos e decidi, desde que foram divulgados os cartéis, que a esta não faltaría. O cartel era o melhor dos conhecidos para a primeira parte da temporada no Campo Pequeno e marcava a dita reinauguração, que tanta saudade me deixou…e mais agora depois de assistir a esta corrida. O primeiro facto a assinalar deve-se com a presença de Pablo Hermozo de Mendonza , que, confirmou, mais uma vez, que no Campo Pequeno apenas necessita de pisar a arena para triunfar. O Campo Pequeno, cada vez mais, deixou de ser a catedral do toureio a cavalo, para se ir transformando numa vulgar praça onde as palmas se fazem ouvir por tudo e por nada (mais por nada do que por tudo…). Os toiros de Vinhas transmitiram pouco, apesar da anunciada temporada do toiro toiro. Gostei apenas dos dois primeiros, que tiveram um pouco mais de som. Em termos de apresentação, nada a dizer… António Ribeiro Telles não conseguiu repetir lides de outras noites nesta praça (e recordamos, com saudade as noites de alternativa de Manuel Telles Bastos e de João Ribeiro Telles, para além da noite da reabertura…). Valeu a mostra de como se monta e se lidam os toiros. Quanto ao momento fulcral (pelo menos para mim…e, pelos vistos, para poucos mais dos presentes) andou mais aliviado do que é costume e a emoção dos grandes ferros em sortes frontais e cingidas esteve ausente. Pablo Hermozo de Mendonza triunfou ainda antes de começar a tourear… No seu primeiro viu-se e desejou-se para o parar, com toques e mais toques e a colhida quase eminente. Depois vieram os ferros à garupa, ouvindo música num ferro em que consentiu um toque nítido na sua montada (talvez este toque tenha originado o toque da música…). No segundo do seu lote, à excepção dos toques na montada, viu-se mais do mesmo, com a arte do rejoneio em grande. Toureio a cavalo…muito pouco. Ah! Já agora, uma pergunta (para mim que sou leiga nesta matéria): será possível “pedir” para cravar mais um ferro e aparecer com três (!!!) para cravar?... É que já vi esta temporada um director de corrida recusar mais um ferro a um cavaleiro… Manuel Telles Bastos foi, apesar de alguns momentos menos bons, o melhor da noite, deixando alguns ferros de boa execução, em reuniões com emoção. Não teve sorte no lote que lhe tocou lidar, mas viu-se esforçado, laborioso, a colocar bem os toiros e a cravar de frente e de alto a baixo. Pena que o público não aprecie… Terminou com dois dos melhores ferros da noite. Para os forcados a noite não foi de grandes dificuldades, já que os toiros não derrotavam e as viagens tornavam-se cómodas. Pelos de Évora iniciou a noite Ricardo Casas-Novas que esteve bem no cite e, apesar de não reunir da melhor forma, consumou a pega ao primeiro intento, com o grupo a ajudar bem. João Pedro Oliveira saiu para pegar o terceiro da noite e estve francamente mal nas primeiras duas tentativas em que não conseguiu reunir. À terceira foi mal ajudado, tendo consumado ao quarto intento sem qualquer brilho. Recusou, muito bem, a volta à arena. O último do lote foi para o cabo António Alfacinha que fez tudo bem: citou bem, mandou e recebeu superiormente, consumando uma boa pega. Pelo Aposento da Moita pegaram o cabo Tiago Ribeiro à segunda tentativa, depois de não conseguir receber a investida alta do toiro ao primeiro intento; Nuno Carvalho, numa vistosa pega, aguentado na cara do toiro uma longa viagem até tábuas; e Nuno Inácio numa pega sem complicações, com o forcado a fazer tudo bem. Em suma: uma corrida que foi mais uma e que fez lembrar outras grandes noites no Campo Pequeno. Só isso!...

 Por: Catarina Afonso

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