Nunca é silêncio vão…
Feira de S. João e, nada melhor para ajudar à festa do que uma corrida de toiros. Apesar de tímidas acometidas dos anti taurinos (sim anti taurinos e não associações de defesa dos animais…), a corrida foi por diante com casa cheia, sinal de que esta cidade tem gente que gosta de toiros. Está, pois, de parabéns a Guarda e Paulo Pessoa de carvalho que organizou. É difícil escrever sobre uma corrida de toiros quando acontece na terra onde vivemos e quando muitos dos intervenientes (neste caso forcados de ambos os grupos) são nossos amigos. Mas torna-se mais fácil quando as coisas correm bem e sai dignificada a Festa através das nossas gentes. Começo, por isso, e por outras razões mais, pelos forcados. Em praça estiveram dois grupos: um, o mais antigo, oriundo da região onde resido temporariamente por motivos de estudos e outro, de mais recente formação, constituído por elementos da região onde nasci. Alguns dos primeiros são colegas e alguns dos segundos são amigos e, inclusivamente, companheiros de “lides”. Os de Montemor vieram para dar oportunidade aos novos, com João da Câmara a abrir praça. O toiro saiu de pronto, com alguma pata e o forcado reuniu bem para uma muito boa pega, com o grupo a suportar bem os derrotes junto a tábuas. Francisco Barreto não recuou o suficiente para consumar a pega ao primeiro intento; conseguiu pegar à segunda tentativa, com o grupo a ajudar bem. João Megre fechou a tarde de pegas do grupo alentejano. Esteve bem no cite, na reunião houve algum impacto, mas fechou-se bem e consumou uma boa pega, com o grupo a mostrar coesão apesar da juventude dos elementos em praça. Os de Coimbra vieram para mostrar que a região da Guarda também tem forcados, já que muitos dos seus elementos nela nasceram e cresceram. Assim, os três elementos escolhidos para ir à cara dos toiros do seu lote eram todos desta região beirã. André Leal, que habitualmente ajuda, efectuou a sua primeira pega como forcado da cara. E isso notou-se com algumas imprecisões no cite e na maneira algo apressada como quis fazer as coisas. Na primeira tentativa recebeu mal e não conseguiu fechar-se. Consumou na segunda entrada ao toiro, apesar de ter adiantado as mãos no momento da reunião. Nuno Afonso citou com classe, reuniu bem, aguentou alguns derrotes fortes do toiro e consumou uma muito boa pega, com os restantes elementos do grupo a mostrarem coesão. Diogo Pereira fechou esta boa tarde de pegas… Sempre muito bem no cite, na primeira tentativa empranchou e saiu por cima do toiro algo maltratado. No segundo intento, corrigiu as distâncias, reuniu bem e consumou uma muito boa pega, com o grupo a ajudar com coesão. Quanto aos cavaleiros, confesso que em nada defraudaram as minhas expectativas. O clã Bastinhas esteve como em muitas tardes. Desinspirados pai e filho, com os ferros a resultarem à garupa, em reuniões conseguidas através de viagens lateralizadas e sem qualquer ponta de emoção. Valeu o entusiamo do público que, nestas paragens mostra uma afición diferente, valorizando o acessório em vez do essencial. O cavaleiro da terra (leia-se região/distrito) Gonçalo Fernandes mostrou as poucas corridas que tem efectuado, com um toureio baseado na velocidade que imprimiu e sem montadas à altura dos novilhos que lhe tocaram em sorte. Foram os elementos da sua quadrilha que quase sempre e muito frequentemente intervieram para tentarem resolver os problemas. Foi colhido com algum aparato na lide do seu primeiro, felizmente sem consequências. Os Novilhos da Casa Avó (ou Casa d’Avó como estava anunciada a ganadaria) estavam bem apresentados e saíram a causar algumas dificuldades. Mostraram-se, contudo, colaboradores e a deixarem-se lidar. De toda a corrida, um pormenor houve que, pela sua grande importância (pelo menos para mim…) me chamou à atenção. Perante o ruidoso público, aquando do momento da primeira pega, Paulo Pessoa de Carvalho chamou à atenção dos presentes que este é um momento muito importante, que deve ser respeitado pelo público e que, por isso, deve fazer-se silêncio. E não é que, com excepção das duas últimas pegas, cada vez que um forcado iniciava o cite se fazia silêncio? Digam lá que o público não deve ser educado para estas coisas dos toiros!? Mas para mim nesta tarde este silêncio teve ainda mais significado no que noutras ocasiões: na minha terra e tendo como intervenientes alguns amigos e colegas… Não foi, por isso, silêncio vão… Por: Catarina Afonso
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