Próximos Cartéis


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O meu Refúgio!..





Depois de vários amigos me terem sugerido a alteração do nome deste meu espaço taurino, alegando – se calhar com bastante pertinência – que existem denominações mais apelativas para o mundo da Festa, decidi explicar a razão pela qual chamei o meu blogue de Refúgio do Aficionado e, sobretudo, porque não pretendo alterar esta designação.
Em primeiro lugar quero referir que nunca foi minha intenção que este meu espaço fosse um dos mais visitados, nem, muito menos, entrar em competição de visitas com outros já existentes…
Em 2005, tinha eu 15 anos, estava muito afastada geograficamente dos centros da Festa de Toiros, em Portugal, já que residia e estudava na Guarda, cidade onde escasseiam os aficionados. Tanto que, ao meu redor, quase ninguém compreendia esta minha paixão desmedida e achavam até muito estranho este meu gosto.
Foi assim que decidi criar, em minha casa, um espaço para onde pudesse retirar-me e, em companhia de meu pai, alimentar, para não deixar morrer, esta minha paixão. Quando me sentia atacada por ser taurina era para este espaço que eu ia, em vez de sair à noite, como outros adolescentes, e posso dizer que sentia um orgulho enorme…
Este espaço físico foi por mim (e pelo mau pai) pensado ao pormenor, desde um balcão de bar em forma de burladero, até à cor da camilha da mesa de centro, acabando nas almofadas colocadas nos cadeirões. Pelas paredes “espalhei” cartéis vários, de vários tamanhos, de corridas a que ia assistindo (e apenas dessas), capote de toureio, bandarilhas, freios e esporas, estatuetas de cavalos e toiros, fotos autografadas de toureiros e forcados e, um dos meus maiores orgulhos, um dossier com todos os bilhetes de todas as corridas onde estive presente.
Depois foi fazer a capa para todas as cassetes de vídeo com corridas de toiros gravadas na TV (em Portugal e Espanha), ver cada uma das cerca de 100 de modo a verificar os cartéis e embalá-las em caixas adquiridas para o efeito.
E quando ia a uma corrida que, para mim, era mais marcante. Era ver-me correr à procura do cartel em formato maior para colocar nas paredes do meu RA, com as cores da moldura a condizer com as cores do cartaz. Tudo pensado à minha maneira, com pormenor…
E era assim que, longe da Festa, me ia sentindo tão próxima e cada vez com maior afición…E era assim que, enquanto muitos jovens adolescentes da minha idade, saiam para ir a discotecas, bares e fazer rebeldias de vária ordem, eu me refugiava neste meu espaço para ouvir fado, flamenco, sevilhanas, ver corridas de toiros e ler livros e revistas de tauromaquia. De vez em quando tudo isto era acompanhado de alguns petiscos, na companhia de alguns amigos dos toiros que me visitavam…
É por isso que eu costumo dizer que tudo o que está naquele meu espaço taurino tem uma história, até porque, como disse, todos os cartéis emoldurados que vão preenchendo as paredes foram momentos que eu vivi e que, olhando-os, consigo recordar.
Fui crescendo, desloquei a minha residência em tempo de aulas para um local bem no centro da Festa de Toiros e senti necessidade de ter algo mais que só aquele espaço e foi então que decidi criar este meu blogue. No primeiro ano da sua existência não lhe dei a atenção devida, mas neste ano as coisas estão a andar melhor e tenho colocado aqui quase todas as minhas vivências de aficionada aos toiros, manifestando a minha opinião, boa ou má, correta ou incorrecta, mas que é a minha.
Quanto ao nome, claro que não poderia ser outro que não o do meu espaço (físico) taurino que criei há já mais de oito anos. Pela história, pelo significado de cada uma das coisas que dele fazem parte e que eu vivi, não podia deixar de prestar homenagem ao espaço que durante tantos anos me acolheu e me deu força para continuar…É o meu cantinho e este blogue vai por ele!! Olé!


Por: Catarina Afonso

A bênção de S. Cristóvão foi para os forcados…



Já aqui referi algumas vezes que, quando criei este espaço, nunca foi minha intenção fazer crónicas de corridas, nem tenho conhecimentos que me permitam essa veleidade, embora haja quem pense que sim. A minha única intenção foi e continua a ser a de exprimir as minhas vivências enquanto aficionada à Festa dos Toiros. E é isso que, sempre que possível, irei fazer.
Desta vez e sem saber que estavam a ser assinaladas as bodas de prata da realização de corridas de toiros na castiça localidade alentejana de S. Cristóvão, decidi comparecer nesta corrida de toiros, tendo como referência dois aspectos que poderiam ser interessantes de ver.
O primeiro eram os toiros que vinham da ganadaria Palha e o segundo era o grupo de Montemor que pegava em solitário.
Se no que diz respeito aos toiros (a os quais foram estimados pesos entre os 450 e os 470 kg), vi o que estava à espera quanto a comportamento (apresentação já nem por isso…), quanto à prestação do grupo de forcados de Montemor também vi grandes lições na arte de bem pegar toiros, com as pegas aos primeiros cinco toiros a serem dignas da história da tauromaquia, pelo bom conjunto de pegas que constituiram. Já na última, pareceu-me que o jovem forcado da cara acusou alguma inexperiência, fruto da falta de pegas (podia até ter sido também da música de baile que o acompanhou na pega…)
Quanto ao resto do cartel, confesso que não ia à espera de nada melhor. Perante toiros que pediam cavaleiros a sério (e não me venham dizer que os toiros eram complicados, sem lide possível, etc. etc., porque todos os toiros têm a sua lide e das melhores que vi esta temporada, senão a melhor, foi a um manso que nunca saiu de tábuas…), os cavaleiros presentes não conseguiram estar por cima dos seus oponentes.
Ainda assim, Luís Rouxinol foi o que esteve melhor, fruto da sua experiência, aliada ao seu bom conceito de toureio. Bem a bregar, preocupando-se com a colocação do toiro e dando preferência às sortes frontais, deixou alguns bons ferros, sem, contudo, construir uma lide daquelas de encher o olho ao aficionado. Três bons ferros curtos no que abriu praça e um bom curto no segundo do seu lote, complementado com um par de bandarilhas de boa nota, foi o que retive das suas duas lides.
Ana Batista esteve uns furos abaixo dos astados que teve pela frente. Perante um primeiro que apertava na reunião, deixou a ferragem quase sempre à garupa. No seu segundo a ferragem, andou muito à pesca e colocou os ferros de forma defeituosa, depois de passar em falso demasiadas vezes. Com a conivência do sr. Diretor, prolongou a lide muito para além dos tempos que o caduco regulamento prevê (foi quase o dois em um. Ou melhor, duas em uma…). Vá lá que no final não deu volta, apesar de ter escutado música durante a lide.
Filipe Gonçalves, no terceiro da noite, montou o seu espectáculo, com ladeares e piruetas na cara do toiro (incluindo o cavalo que bate palminhas), que muito agradam à maior parte do público das nossas praças, mas de toureio teve muito pouco: ferros à garupa, foram muitos, fruto das pronunciadas batidas que o obrigaram a passar em falso e a consentir alguns toques nas montadas. No que encerrou a noite, as coisas melhoraram e depois do início da lide não ter sido o melhor, vimos bons ferros curtos, de colocação correta e sem alardes despropositados.
Mas, como disse, o que mais me ficou na retina (e por certo na de outros aficionados presentes) foram as pegas. João da Câmara citou muito bem, deu vantagens, recuou primorosamente na cara do toiro e aguentou todos os derrotes até o grupo conseguir fechar a rija pega (pena aquelas ajudazitas extra…). João Braga esteve enorme perante o segundo da noite. Aguentou muito bem os derrotes duros do toiro, recebeu um boa 1ª ajuda e o grupo fechou com grande coesão uma muito boa e muito rija pega. Tiago Telles de Carvalho, deu vantagens ao toiro, recuou bem e, embora não se fechando de pernas, emendou e aguentou até o grupo consumar a pega. Francisco Barreto efectuou duas boas pegas. Na primeira tentativa, citou e carregou de largo, teve uma grande reunião, mas saiu já no meio do grupo que não esteve lesto nas ajudas. Consumou à segunda numa boa pega à córnea e com uma boa ajuda de Francisco Godinho. Noel Cardoso, citou de forma correta, mandou vir quando quis e, embora tivesse ficado algo pendurado na córnea, conseguiu concretizar mais uma boa pega. António Calça e Pina, não esteve bem a receber e, nas duas primeiras tentativas, não conseguiu reunir. Consumou à terceira com ajudas carregadas. No final recusou a volta, tendo sido chamado o grupo à arena, para agradecer os aplausos, numa boa noite de pegas, decerto muito aplaudidas lá do alto pelo seu cabo José Maria Cortes.
Dirigiu o sr. Agostinho Borges, que foi algo condescendente com a segunda lide de Ana Batista.



Por: Catarina Afonso


O “Olé!” e outros programas da nossa Festa…



Depois de muito ler sobre o recente programa da SIC “Olé”, tinha até decidido não me pronunciar sobre o tema, até porque seria dar-lhe demasiada importância. Não vi tal programa, porque fui aos toiros. Se assim não fosse talvez até tivesse ligado a TV na SIC, o que aconteceria pela primeira vez desde há muitos anos, pois desde que assisti a um programa moderado pelo anti Rodrigo que nunca mais vi esta estação de televisão.
Mas como disse, muita coisa se escreveu sobre a emissão deste programa e sobre a participação no mesmo de ilustres taurinos e até de dois grupos de forcados. E foi depois de ler muitos desses comentários e até alguns artigos de opinião que decidi que deveria tecer algumas considerações sobre este tema.
É evidente que o “Olé” em nada dignificou a Festa de Toiros, antes pelo contrário, penso que terá servido pura e simplesmente os interesses anti taurinos da estação de televisão de Carnaxide. Disso não tenho dúvidas, muito menos depois de ler o comunicado que a SIC emitiu sobre o programa em causa. Por isso, considero que todas as manifestações/comentários que os aficionados fizeram a mostrar a sua indignação, foram e continuam a ser bastante pertinentes e necessários à nossa Festa. Mas não devem nunca esquecer-se de que este programa televisivo apenas foi possível com a participação ativa de taurinos ilustres e que é dentro da Festa que estão os seus principais delatores. E isto não se verifica só no âmbito deste tipo de programas, vemo-lo constantemente noutro tipo de manifestações onde a responsabilidade dos ditos agentes da Festa deveria ser ainda maior. E sobres isto, nem uma palavra até hoje (que eu tenha visto…).
Estou a referir-me a dois cartazes anunciadores de corridas de toiros: o da Póvoa do Varzim, dia 14 de Julho e o da corrida do Montijo dia 27 de Julho.
Quando é que em cartazes deste tipo pode aparecer uma fotografia de um cavalo de um conhecido rejoneador a morder um toiro? É esta a imagem que queremos transmitir da nossa Festa?
            Se com o programa da SIC se está a denegrir a figura do forcado, símbolo único do nosso país taurino, com estas fotografias não se está a denegrir uma outra “figura” bem mais importante, digo até, crucial que é o TOIRO?
Depois não se admirem que venham os animalistas aproveitar estas fotos para publicitar o que tanto apregoam sobre os maus tratos e as indignidades praticadas aos toiros durante as corridas.
Isto para não falar das manifestações de agrado de alguns “aficionados” perante a prática de tais alardes durante as corridas de toiros (qual cena de circo acompanhada com palminhas…), que incentivam o público que vai às praças a gostar deste tipo de números, fazendo com que cada vez abundem menos os verdadeiros aficionados.
E contra isto ninguém se manifesta? Todos aceitam? É que no meio de tanta indignação contra o programa de televisão emitido no passado sábado, ainda não vi um comentário que fosse a tanta publicidade às corridas de toiros da Póvoa do Varzim e do Montijo…


Por: Catarina Afonso



Toiros no Campo
















Fotos de: Inês Mendes Martins



Pegas da corrida de 13 de Julho em Moura




Texto lido no início da Corrida de Moura, em memória de José Maria Cortes






“ José Maria Cortes nasceu em Lisboa, a 23 de novembro de 1983. Filho de João Cortes, antigo cabo do Grupo de Montemor, desde cedo acompanhou o pai a corridas e treinos do grupo, fazendo com que a sua paixão pelos touros e, principalmente, pelo Grupo de Montemor, tenham crescido naturalmente.

Fardou-se e pegou pela primeira vez a 23 de agosto de 2001, na praça de touros das Caldas da Rainha. O seu à vontade em praça, a calma com que citava o touro, o seu poder, a confiança que transmitia e o espírito de líder rapidamente o levaram a ser uma das referências do Grupo de Montemor e, a 2 de setembro de 2007, a assumir o lugar de cabo.

Durante as 7 épocas do seu mandato manteve o Grupo de Montemor no topo do escalafón nacional, sendo impossível não recordar o ano de 2009, em que, entre outros, aceitou os desafios de pegar 6 Graves no Campo Pequeno e 6 Palhas em Évora, tendo sido esta a sua época de maior destaque.

Enquanto cabo reforçou a sua condição como um dos melhores forcados de cara da sua geração, dando o exemplo pela forma como enfrentava os desafios sempre com um sorriso na cara, sorriso esse que hoje recordamos…

Pelo forcado que foi, mas principalmente pelo homem, amigo e exemplo de vida, hoje lhe prestamos esta sentida homenagem.

Zé Maria Cortes será sempre um nome reconhecido na Tauromaquia e uma referência no Grupo de Montemor.

Até sempre e nunca te esqueceremos…”