A distância a que me encontro de
Lisboa tem encargos financeiros que só consigo suportar por um motivo sério e
muito válido. Claro que este não era o caso e então decidi não ir ao CP, para
presenciar esta corrida organizada pela casa Caetano, desculpem, pela Soc. Campo Pequeno, desta vez com o apoio da RTP. Mas
agora tive a sorte, desculpem o azar, de poder ver a corrida pela televisão e,
por isso, decidi contar a minha vivência enquanto telespectadora, à semelhança
do que acontece quando presencio, ao vivo, uma corrida de toiros, embora de
forma diferente.
De atractivo especial esta corrida
TV nada tinha, pois com os toiros que estavam anunciados nada de bom podia
acontecer. Se isto pensei antes da corrida, mais reforçada ficou esta ideia no
final da mesma… Toiros sem classe, sem trapio, sem raça, enfim, sem
nada…desculpem, tinham peso…
Depois, como se isto não bastasse,
ainda havia comentários e entrevistas, o que, felizmente, nas corridas ao vivo
não tenho que aguentar. E aquela entrevista ao João Ribeiro Telles (pai) no
decorrer da lide de seu filho? Que enorme falta de respeito!!! Foi mau
demais!!! E aqueles inoportunos comentários à sábia opinião de Vasco Pinto,
cabo do grupo de forcados de Alcochete, sobre a actuação do seu grupo? Quando
se deve educar o público no sentido de este exigir o cumprimento das regras e
do toureio de qualidade, vemos isto… Mas, enfim, nada a que não estejamos
habituados e por isso é que a nossa Festa anda como anda…
Eu até reconheço que não é nada
fácil comentar ou narrar em directo o que se vai passando numa corrida de
toiros, mas sinceramente…
Quanto ao toureio propriamente
dito e tendo em conta as limitações decorrentes de estar a ver a corrida pela
TV, agravadas pela má realização, pouco, muito pouco mesmo há a dizer de importante.
Ferros ao estribo? Muito poucos ou quase nenhuns (e nas repetições é que dá bem
para ver…)… Toureio de verdade, com entradas frontais a provocar as investidas
dos mansarrões? Nada…
Ficou-me na retina um bom ferro curto do João
Telles na primeira lide e nada mais de muito relevante. João Moura Caetano não
repetiu os “triunfos” que tem alcançado em todas as praças por onde tem passado
(ou será que triunfou?) e das suas duas lides nada de positivo pude reter. João
Maria Branco, talhado que estava pela empresa organizadora do festejo para
receber o prémio final, mostrou muita exuberância, mas tem ainda muito caminho
para andar e com outro rumo. Aquela saída à Bastinhas no final da sua última
actuação foi do melhor…sim, melhor do que a que faz o cavaleiro de Elvas, pois
neste caso até envolveu um beijo à areia do ruedo da capital…
Os forcados, nuns casos pagaram as
favas de terem pela frente toiros com muita força, que pouco ou nada se moveram
nas lides a cavalo e que eram bruscos na investida e noutros a suavidade e
cobardia dos murubes,
ainda por cima mansos e sem classe. Os de Alcochete não estiveram nos seus
melhores dias e, como bem reconheceu o seu cabo, não andaram bem nas ajudas – principalmente
cá atrás – e algumas das tentativas não deram em pegas (das boas) por falta de
coesão e determinação. Para o grupo do aposento da Moita as coisas correram
muito melhor e consumaram boas pegas, com bastante correcção e técnica e
levaram para casa o prémio em disputa.
Falando em prémios, com toiros
destes não ficou bem atribuir prémios, até porque não houve lides que
merecessem ser premiadas…
E pronto, três longas horas em
frente do televisor a ouvir e a ver uma corrida de toiros sem qualquer
interesse, numa praça que deveria ver corrigida a sua classificação, pois mais
parece uma qualquer praça de segunda no nosso país taurino do que, como a
intitulam, a principal praça nacional…
Por: Catarina Afonso
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