Um momento de verdade...
Segunda corrida da feira taurina de Alcochete, integrada nas Festas do Barrete Verde e das salinas, esta também com alguns aliciantes: seis cavaleiros, com conceitos de toureio variados e, destes, um, João Salgueiro da Costa, que tinha curiosidade em ver depois do triunfo recentemente alcançado numa corrida televisionada; uma ganadaria espanhola que pela primeira vez pisava a arena de uma praça de toiros em Portugal; e um grupo de forcados mexicano que ainda não tinha visto atuar.
Os toiros, da ganadaria espanhola de Hato Blanco, com exceção do primeiro e quinto, foram mansos, muito reservados e denotando muito sentido, a criar muitas dificuldades a cavaleiros e forcados.
Rui salvador não esteve nos seus melhores dias, perante um dos toiros que, apesar de tudo, mais colaborou. Não esteve bem nos compridos e, nos curtos nem sempre cravou com correção. Valeu o esforço que sempre coloca naquilo que faz.
Sónia Matias teve pela frente um manso, distraído e muito reservado e fez o que pôde. Da ferragem que colocou, aproveitaram-se os segundo e terceiro ferros curtos de maior correção. Os restantes resultaram pescados e/ou a cilhas passadas.
A Gilberto Filipe tocou o toiro mais pesado da corrida e também um dos mais complicados. Não esteve mal nos compridos, mas, nos curtos esteve francamente mal. Apenas o quinto ferro foi cravado com alguma correção. Os restantes foram sempre colocados bem para lá do estribo e em sortes aliviadas. A finalizar foi protagonista de mais um dos episódios que infelizmente vão acontecendo cada vez com mais frequência nas nossas praças. Depois do primeiro aviso, cravou um palmo que nada adiantou ao que havia feito e, com a conivência do diretor de corrida, tentou, por três vezes(!!!) cravar um par de bandarilhas, que não conseguiu. Reconheceu o que havia feito e, muito bem, recusou a volta à arena.
Tomás Pinto também não teve a lide que certamente desejava. Nos compridos, despachou o primeiro, o segundo foi de maior correção e o terceiro sem importância. Dos curtos, apenas se aproveitou o primeiro. Os restantes foram a cilhas passadas e aliviados (2º, 4º e 5º) ou errou o toiro (3º). Finalizou com um violino à garupa, muito aplaudido pelo público presente.
João Salgueiro da Costa brindou o público com os melhores momentos da noite e, talvez dos melhores da temporada. Três bons ferros compridos abriram a sua atuação, sendo o segundo um grande ferro, pleno de emoção, deixando a impressão de que a colhida seria eminente, tal a justeza da reunião. Um grande ferro que deveria de imediato ter feito soar a música, o que apenas aconteceu (já não é mau…) após a cravagem do terceiro comprido. Nos curtos as coisas não correram tão bem, mas no meio de um ferro de colocação mais defeituosa e de outro em que falhou o toiro, deixou dois ferros muito bons, os segundo e terceiro. Grande lide!...
A encerrar a corrida esteve o também praticante João Maria Branco a quem também já vimos melhor. Ferros pescados (o primeiro comprido), muito aliviados na reunião (1º e 2º curtos) e passados do estribo (4º, 5º e 6º), constituíram uma lide que deixou muito a desejar, pese embora a sua idade e estatuto.
Se para os cavaleiros a noite não foi fácil, para os forcados foi também muito complicada. Iniciou a noite de pegas o forcado Rui Gomes, do Grupo de Forcados do Aposento Verde de Alcochete que concretizou a pega à segunda tentativa, depois de na primeira ter saído já no meio do grupo, que não conseguiu ajudar, já que o toiro metia a cara muito em baixo. João Salvação, cabo do grupo, saiu para pegar o terceiro e mais pesado da noite. O toiro saiu solto e com muita pata e o forcado saiu com um forte derrote. No segundo intento, com braços de ferro, concretizou uma grande pega, com o grupo a mostrar enorme coesão nas ajudas (sem necessidade de ajudas extra…). A encerrar a noite de pegas pelo grupo da terra saltou Marcelo Lóia, que esteve bem no cite e, embora a reunião não acontecesse da melhor forma, aguentou bem a viagem por alto até às tábuas, onde o grupo fechou bem (se bem que, desta vez, com ajuda extra).
Alejandro Martinez iniciou da melhor forma a actuação do grupo de forcados de Queretaro, do México. O segundo toiro da noite saiu com muita pata, o forcado reuniu bem, aguentou fortes derrotes e o grupo fechou com grande coesão nas ajudas. Para a pega ao quarto da ordem foi escolhido Antonio Vera, que, após seis tentativas(!) e com 11 forcados (dos dois grupos) em praça, não conseguiu concretizar a pega, deixando o toiro ir “vivo” para os curros. A Juan Leal coube encerrar a noite de pegas e, com 4 ajudas do grupo de Alcochete (não tinham já elementos suficientes), concretizou a pega ao primeiro intento, bem ajudado pelos restantes elementos e sem que o toiro complicasse muito a sua tarefa.
Por: Catarina Afonso
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