Em tempos de crise não é fácil escolher e, neste fim de semana, não foi fácil para mim selecionar a corrida a que iria assistir. A escolha recaía entre a corrida de toiros em Coruche, dia 24 à noite ou a corrida da feira Moita, dia 25 à tarde. Decidi, pelas “atrações” propostas, que iria à corrida da Moita, até porque no facebook várias eram as mensagens que anunciavam para esta corrida a despedida do ex cabo do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, Tiago Ribeiro e a apresentação do novo cabo José Pedro Pires da Costa. Ao chegar à praça, no dia da corrida, isso mesmo ouvi no carro de som que publicitava o evento.
Era este um dos motivos que me levou a escolher a corrida da Moita, para além da reaparição de Vítor Ribeiro que, na temporada passada, não havia toureado.
Qual não foi, contudo, o meu espanto quando a corrida terminou e de
despedida e apresentação de cabos nada aconteceu. Nem vi qualquer cerimónia de
apresentação do novo cabo (que já havia tomado posse no cargo há uns tempos),
nem o antigo cabo foi tido nem achado na corrida. Sentado nas bancadas a
assistir à corrida, nem se deu por ele… E se é verdade que ao novo cabo foi
brindada uma pega pelos elementos do próprio grupo, ao ex cabo nem um simples
gesto de agradecimento pelos anos que passou no grupo, pelo qual se fardou
durante tantos anos e no qual se tornou um símbolo da forcadagem nacional. Não
sei os motivos, nem isso interessa agora, mas que não ficou bem, isso não
ficou…
Mas vamos ao que da corrida consegui reter e viver…
Os toiros vieram da ganadaria Palha, estavam bem apresentados, com idade
e trapio a condizer com a categoria da praça, e tiveram um bom desempenho na
generalidade, sendo que o que mais destoou, pela sua mansidão e ânsia de mal
fazer, foi o que saiu em último lugar. O comportamento dos toiros levou que,
após a lide do quarto da ordem, fosse chamado à praça o maioral da ganadaria.
António Telles abriu a corrida com uma lide bem ao seu estilo, daquelas
de encher o olho ao aficionado. Depois de três ferros compridos de excelente
colocação, com destaque para a reunião do terceiro, brindou o público presente
com uma lição de toureio a cavalo: brega excelente, ferros ao estribo de alto a
baixo, depois de primorosa escolha dos terrenos para deixar o toiro em sorte.
No seu segundo e quarto da corrida, as coisas não lhe correram tão bem. Mesmo
assim, vimos bons ferros (3º, 4º e 6º), intercalados com outros de execução
menos boa.
Vítor Ribeiro reapareceu nesta tarde e em boa hora o fez…faz muita falta
à Festa dos toiros e ao toureio a cavalo à portuguesa (sim, porque também há
muito quem toureie a cavalo à espanhola…). No seu primeiro toiro fez tudo bem,
desde a brega à colocação do toiro, terminando com a colocação de muito bons
ferros, com destaque para os 1º e último curtos. No último do seu lote teve que
se esforçar mais na brega, não deixando que o toiro descaísse para tábuas e,
citando de largo e partindo reto para o toiro, deixou bons ferros, sendo de
realçar os 1º, 2º e 4º curtos.
Gilberto Filipe, no terceiro da tarde teve uma lide que foi de menos a
mais, sendo que os últimos três ferros curtos mereceram nota positiva. O último
toiro da corrida não lhe deu grandes hipóteses de brilhar, pondo a nu as
carências do cavaleiro. Intervenções constantes dos bandarilheiros para
colocação do toiro em sorte foram a nota (negativa) mais destacada durante esta
lide que encerrou a corrida não da melhor forma.
Quanto às pegas, começou o grupo de Vila Franca por intermédio de Bruno
Casquinha, que, na primeira tentativa não reuniu já que o toiro, nesse momento
lhe adiantou um dos pitons não permitindo que o forcado se agarrasse. Consumou
à 2ª tentativa, numa boa pega, com o grupo a ajudar bem. Márcio Francisco foi á
cara do terceiro da tarde. Bem no cite, a reunião não aconteceu da melhor
forma, o toiro vai com a cara ao chão, conseguindo o forcado manter-se agarrado
e o grupo consumar a pega. A fechar a tarde para os de Vila Franca esteve Rui
Godinho. O toiro arranca com prontidão e com pata, o forcado reúne de forma
excelente e consuma uma muito boa pega, com o grupo coeso nas ajudas.
Pelo grupo de forcados da “casa” iniciou a tarde José Maria Bettencourt
que citou bem, reuniu correctamente e consumou uma boa pega. Nuno Inácio,
carregou o toiro de largo, reuniu com impacto e consumou uma rija pega, com boa
ajuda do grupo. No último da corrida, saiu para a pega Diogo Gomes que, perante
um toiro com muita força e vontade de fazer mal, saiu lesionado na segunda
tentativa, com o toiro a investir com a cara alta e com violência. A pega foi
consumada após mais duas tentativas, por José Henriques, a sesgo à meia volta e
com o grupo todo em cima do toiro.
E assim vivi mais uma jornada taurina, que me agradou no geral, tendo
presenciado bons momentos de toureio a cavalo, com bons toiros e com algumas
boas pegas. Pena foi que um dos atrativos que me levou
nesta tarde à Daniel do Nascimento não tenha passado de meros anúncios…
Por: Catarina Afonso
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