Depois da polémica que girou à volta da corrida, bem antes dela começar, era grande a minha expectativa em relação aos toiros que iriam sair à praça nesta noite.
A substituição dos Graves pelos Guardiolas será que iria resultar?
Bem, eu gosto dos toiros da Ganadaria Grave, se bem que é verdade que gostava mais dos de “antigamente”, mas nesta noite a corrida não ficou nada a perder com a troca. Aliás, sem ter visto os graves inicialmente destinados a esta corrida, posso dizer que não seriam, em termos de emoção (o ingrediente que mais falta faz…), melhores que os que saíram à praça de toiros José Elias Martins.
Na verdade, vimos esta noite um curro de toiros com peso (entre os 550 e os 610 kg), idade e trapio, que saíram a pedir contas a cavaleiros, forcados e até bandarilheiros, mandando na arena a seu bel-prazer.
Luís Rouxinol esteve alguns furos abaixo daquilo que é habitual e, desta vez, nem com a Viajante conseguiu sobrepor-se claramente aos astados que lhe tocaram em sorte. No seu primeiro e nos compridos optou por abordagens com batida pronunciada ao piton contrário, o que fez com que as reuniões não fossem tão ajustadas. Nos curtos, apenas um deles foi de execução correta (o 3º). Os restantes foram em sortes aliviadas e no primeiro, inclusivamente falhou o toiro. No seu segundo vimos dois bons compridos e, nos curtos, mais uma vez, apenas um dos ferros resultou imaculado de execução (o 3º). Nos restantes sofreu toques na montada (1º e 2º) e o 4º resultou muito aliviado, a tender para o pescado. Terminou com um bom ferro de palmo e o habitual par de bandarilhas.
Marcos Bastinhas, no seu primeiro, não deu qualquer importância à ferragem comprida, cravando a despachar. Nos curtos cravou a quarteio pouco ajustado no primeiro ferro, o segundo caiu e os restantes foram de boa nota. No seu segundo, montou o seu espectáculo e vimos mais alardes do que toureio de verdade. Andou bem nos compridos, mas na ferragem curta esteve uns furos abaixo. O primeiro foi executado numa reunião aliviada, sem ponta de emoção; o segundo ferro foi precedido de uma passagem em falso e de uma colhida (felizmente sem consequências…), por abusar dos quiebros; o terceiro foi correto, mas aliviado em resultado do quiebro que tirou o toiro da sorte e o último foi um par de bandarilhas que nada adiantou ao que havia sucedido até aí. Mesmo assim, viu ser-lhe atribuído o prémio para a melhor lide.
João Maria Branco aparecia em Portalegre depois da tomada de alternativa no campo pequeno cerca de quinze dias antes, após o que a exigência sobre aquilo que faz nas arenas deve vir a ser maior (embora saibamos que, neste nosso país a exigência quanto aos toiros é cada vez menor…). Ao primeiro que lhe tocou em sorte não conseguiu, claramente, dar-lhe a volta. Muitas (demasiadas) intervenções dos seus bandarilheiros, fruto das dificuldades que sentiu em mexer no toiro e ferros sem qualquer destaque constituiram uma lide em que se esperava e devia ter acontecido mais. No último da corrida as coisas melhoraram bastante e vimos ferros de muito boa nota (os 1º 3º e 5º curtos), intercalados com outros de execução menos conseguida.
Os forcados também sentiram (e de que maneira!!!) na pele a dureza dos Guardiolas. Pelo Grupo de Lisboa abriu praça Manuel Guerreiro que, na primeira tentativa, esteve muito bem no cite, na reunião, mas que saiu da cara quando o toiro foi com a cara ao chão, humilhando demasiado. Ao segundo intento, com o toiro a mostrar-se mais reservado, consumou uma boa pega, bem ajudado pelo grupo. Pedro Miranda foi à cara do terceiro daa noite, carregou de largo e embora a reunião não tenha sido a melhor (reunião nos joelhos), concretizou uma boa pega. Para o quinto da tarde foi escolhido Daniel Batalha, que, com os violentos derrotes desferidos pelo toiro saiu inanimado. Foi dobrado por João Lucas, que, com o grupo em cima e com algumas ajudas extras, consumou uma pega sem brilho. Grande gesto no final, ao recusar a volta, o que já é raríssimo vermos nas nossas praças.
Pelo grupo da casa, os Amadores de Portalegre, iniciou Alexandre Lopes, que na primeira tentativa, foi despejado da cara com um violento derrote de cima para baixo. Consumou à segunda, mesmo tendo ficado fora da cara (foi lá metido pelos seus companheiros) com as ajudas a demonstrarem algumas carências. Nelson Batista pegou o quarto toiro da noite, naquela que foi a pega vencedora do troféu em disputa e a mais emocionante da noite. Bem no cite e superior a reunir, executou uma pega de levantar as bancadas, aguentando fortes derrotes sozinho na cara do toiro, com metade dos elementos do grupo a ficarem lesionados no chão e a ter que receber uma ajuda extra de um dos elementos do grupo de Lisboa (um grande gesto de Mota Ferreira que foi chamado para a volta no final). Para encerrar a noite de pegas esteve Ricardo Almeida que, perante um toiro muito reservado consumou à segunda tentativa, com o toiro a fugir ao grupo e com muitas ajudas extras. No primeiro intento foi despejado com um violento derrote.
E foi assim que vivi esta emocionante noite de toiros, em que presenciei um curro de respeito, que mandou e se impôs na arena e que esteve sempre por cima de todos os intervenientes nesta corrida. Assim foi que várias foram as situações de aperto por parte dos cavaleiros (nomeadamente Luís Rouxinol e Marcos Bastinhas), dos bandarilheiros (um dos da quadrilha de Luís Rouxinol sofreu uma colhida sem consequências de maior) e também e sobretudo de forcados (com vários a recolherem à enfermaria).
Um curro sério a pedir toureiros à altura que, nesta noite, não tiveram…
Por: Catarina Afonso
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