Numa altura em que a Festa está a passar por alguns momentos de agitação, fruto da movimentação de alguns grupos minoritários de antitaurinos, que estão a causar mossa tanto do lado de cá como na vizinha e bem mais aficionada Espanha, há uma palavra que é repetida pelo mundo dos toiros com muita frequência: liberdade!
As proibições a que assistimos neste momento, quer quanto a largadas de toiros, quer na realização de corridas de toiros ou na utilização de animais em espectáculos circenses, dizemos nós que são uma manifestação da negação de um dos princípios mais elementares da vida em sociedade: a liberdade.
E, para além da liberdade, ou melhor dizendo, associada a esta, está a tolerância. Quem gosta vai, quem não gosta não vai, mas tem que tolerar os que gostam e querem ir. Parece assim de simples…E para os que apregoam este lema e tentam defender a festa é mesmo assim e assim terá que ser, sob pena de subversão dos valores mais ricos da vida que enfrentamos quotidianamente.
Tenho, no entanto, reparado que esta defesa, pelo menos em Portugal, mas também um pouco no país nosso vizinho, quer através das redes sociais, quer através de sites e publicações taurinas on line, quer mesmo em revistas e/ou jornais da especialidade, é feita em muito maior número e com maior insistência pelos que andam no mundo toiros pelo lado de fora e muito menos pelos que estão dentro dele e dele tiram proveitos, alguns até o seu único e exclusivo sustento.
Porquê? Não sei. Com que intuito? Também não…
Mas sob este assunto tenho a minha opinião, formada ao longo dos poucos anos que tenho de aficionada, mas com algumas centenas de corridas de toiros presenciadas, quer ao vivo, quer através da televisão, sendo, neste momento, o canal Toros TV a minha fonte de aprendizagem, não dispensando umas idas a Espanha, a praças onde considero que posso ver algo sério.
Mas, voltando à questão principal deste meu desabafo (mais um!), ao longo dos anos em que calcorreei praças de todo o Portugal e em que até fui escrevendo o pouco que sabia (mas que via…), tive a oportunidade de assistir e de ser confrontada com vários episódios que, dentro da Festa, em nada abonam a defesa dos argumentos acima descritos.
Quando alguém mais ou menos entendido sobre este ou aquele aspeto do que se passa numa corrida de toiros descreve o que vê e, livremente dá a sua opinião, de forma independente e sem qualquer tipo de interesse, o que fazem os “homens” dos toiros? Imediatamente proíbem a entrada nas suas praças, se quem escreve fizer parte de um site ou outro meio de comunicação que requer entradas para os seus escribas. Ou então “cativam” a entrada e dizem pessoalmente a quem vai escrever que, se continuar a dizer o que realmente se passa, a verdade, para a próxima não terá acesso à entrada. Ou, finalmente, se alguém do sítio onde escreve (supostamente o “chefe”, não sei se de redacção ou de outra coisa parecida) lhe telefona e, de imediato passa a chamada para um dos tais “homens” dos toiros que profere um data de insultos e ameaças, no intuito de condicionar ou, posso até dizer, proibir esse tipo de comportamentos…
Pergunto eu, perante esta realidade que grassa no âmago do mundo taurino, onde está a liberdade que depois é apregoada em sua defesa? E a tolerância e aceitação de opiniões divergentes das suas?
Pois é, é necessário primeiro dar o exemplo de cumprimentos destes valores para depois poder exigir dos “outros” o respeito por esses mesmos valores. Ou seja, como é comum dizer-se, o exemplo tem que vir de dentro…
Lá diz o velho ditado: “faz o que eu digo, mas não faças o que faço”!!!
Por: Catarina Afonso
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