Sei perfeitamente que a minha forma de gostar de toiros não é igual à da maioria dos que, neste país, vão aos toiros. É talvez por isso que cada vez vou menos. Por isso mesmo sabia de antemão que muita “gente” iria ver a minha última publicação aqui neste meu espaço, mas também sabia que ninguém teria a coragem de argumentar, colocar gosto, perguntar algo que fosse. Todos compactuam com o “sistema” (onde é que eu já ouvi isto?) instalado e a ninguém interessa alterar seja o que for.
Estou, pois, consciente, de que este meu desabafo de hoje também não vai colher apoiantes ou fazer mexer seja quem for, mas há muito que venho falando deste tema e achei que esta é a altura certa para o partilhar no meu RA.
O meu interesse pelos toiros tem na sua origem a minha proximidade geográfica com Espanha (a aldeia dos meus pais dista muito pouco da aldeia mais próxima do país vizinho) e sempre me habituei a ver o que aí se passava relativamente a este tema. Sei que La Fiesta tem também os seus telhados de vidro, mas cada vez mais sinto que os “nossos” são bem mais e mais frágeis.
Sempre presenciei corridas de toiros em Espanha, nas mais diversas praças e, já mais tarde, em várias regiões, desde Castilla y Leon até à Andaluzia, passando por Castilla la Mancha. Estive presente em corridas importantes, outras menos e até em alguns festivais e festejos populares. Vi grandes figuras do toureio a pé, do mundo taurino em particular e até figuras públicas que são grandes aficionados.
Em quase todas as feiras taurinas, sejam elas mais ou menos importantes, são atribuídos prémios e, no âmbito da tauromaquia, são realizadas muitas homenagens às mais diversas figuras, incluindo condecorações atribuídas pelo Governo e/ou pela Casa Real. Contudo, nunca, em nenhuma das corridas de toiros em que estive presente, desde Madrid a Sevilha, vi, inserida no espectáculo taurino, essas condecorações, prémios e/ou homenagens. Antes, sempre os prémios, condecorações ou homenagens são feitos em cerimónias fora dos espectáculos taurinos, marcadas pela solenidade do evento e com toda a pompa e circunstância.
O que vemos nas “nossas” praças? Prémios, são todos os dias em todas as corridas e durante toda a temporada. São prémios para a melhor lide, para a melhor pega, para o melhor grupo, para a melhor empresa, etc. etc. E quase todos eles são entregues dentro das praças e inseridos no espectáculo taurino, com o aborrecimento que isso acarreta ao já de si prolongado e aborrecido espectáculo. E mais: alguns são atribuídos mais do que uma vez, umas dentro da praça, no decorrer dos espectáculos e outras posteriormente em cerimónias marcadas para esse efeito.
O que será melhor? Para mim claramente o que, na generalidade dos casos se faz em Espanha. Para quem recebe os prémios, condecorações ou homenagens? Claro que dentro da praça e inserido no espectáculo, dado que dessa forma têm mais público presente. Para quem entrega os prémios (os empresários)? Sem dúvida que também dentro das praças e dentro do espectáculo que estão a organizar. Sempre são mais umas entradas que se vendem a troco do anúncio de uma homenagem ou da atribuição de um prémio.
E se puserem o público a votar para aqueles números de chamadas com valor acrescentado, do género 760 000 000, então sim, o lucro será bem maior. O resto pouco interessa…
Por: Catarina Afonso
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