Setúbal - Pequenos Detalhes
Na passada sexta-feira tinha planeado estar presente na corrida do S. Pedro em Évora. Não tendo sido possível decidi, então, assistir à corrida pela TV. Se tivesse estado presente, como era meu desejo, teria narrado (“cronicamente”) os incidentes da dita, acompanhando com algumas fotos que iria tirar. Assim, pela televisão, achei que era melhor não escrever sobre a corrida, pois que são muitos os momentos que se perdem e corre-se o risco de falharem pormenores importantes.
Mas, depois de ver a corrida, pensei que, via televisão, também se pode escrever sobre outros momentos que não aqueles que descrevem lides, ferros ou pegas. Foi por isso que decidi escrever sobre alguns momentos dignos de destaque e de reflexão sobre a corrida de Setúbal a que ontem assisti via TV.
Em primeiro lugar, quero que fique claro que sou uma defensora acérrima das corridas de toiros e que a minha paixão pela Festa Brava é desmedida. Depois, quero referir que nada tenho contra a RTP e que esta estação televisiva está de parabéns pelo serviço público que presta através da transmissão de corridas de toiros.
Passo então às ideias que me vieram enquanto assistia à transmissão da corrida de toiros de Setúbal, através da RTP…
O primeiro momento de relevo vai para o curro de toiros que esteve em praça. Toiros sérios, que transmitiam e que pediam toureiros à altura, o que não houve. Um grande OLÉ!!!!, pois, para a ganadaria de António Silva…
Isto mesmo ficou patente na apreciação de José Cáceres aquando da lide de Luís Rouxinol ao segundo da noite: “ Um toiro imponente e com uma cara destas pode ser até perigoso…”
Num segundo momento, e logo após ver a primeira pega, deixo no ar uma pergunta: porquê estes grupos de forcados para pegar um curro de toiros deste calibre? Será propositado, será por obrigação ou será por pura opção?
Já lá dizia o José Cáceres: “Não é fácil rabejar um toiro com este poder…” E digo eu: e pegar? Só com 9 ou 10 elementos. Ou então: “Lá atrás é preciso mais coesão que este toiro não é para brincadeiras…” E eu acrescento: nem para estes forcados…
E já agora deixo no ar outra pergunta, esta para, talvez (ou talvez não), reflexão de quem comanda os destinos da Festa em Portugal: o que acontece, ou melhor, o que deverá acontecer a um grupo que utiliza mais do que o número de forcados que estão previstos no Regulamento para executar uma pega? E, pior ainda, o que acontece quando há reincidência?
Bem, a resposta, ontem foi simples: dá-se prémio… Sim, em vez de sancionar este tipo de atitudes, premeiam-se…
Se calhar é melhor alterar o Regulamento e nele prever um número de forcados superior ao que neste momento está previsto para execução da pega. Ou então, prever no novo Regulamento uma sanção para quem viole essa norma…
E que dizer da realização da corrida? Quanto a mim, muito má… Para o realizador é mais importante transmitir aos telespectadores o que se passa nas bancadas do que mostrar a execução completa de uma pega ou a colocação dos ferros numa lide a cavalo. A transmissão de uma corrida de toiros é, como disse, um serviço público, mas deve ser transmitida a corrida e não mostrar quem está nas bancadas, ou as botas do cavaleiro e as meias dos forcados… Penso ser este um aspecto muito importante que a RTP deve rever.
Outro dos momentos importantes da transmissão televisiva foi o relógio que apareceu no canto inferior do ecrã. Dizia o José Cáceres que era para se verificar se o director de corrida cumpria o que está estipulado no Regulamento sobre os tempos das lides. Pois bem…tão depressa apareceu como despareceu. E alguém viu se foram cumpridos ou não os tempos das lides? E porquê? Será que alguém interferiu quando soube desta invenção?
E por falar em relógio, um último momento digno de nota foi o comentário do Dr. Vasco Lucas: “o director de corrida esteve muito bem como aficionado, não tinha nada que dar aviso…” Mas então em que ficamos: o Regulamento é para ser cumprido ou não? Um director de corrida pode “dar aviso” nuns casos e noutros não? E será que um director de corrida que cumpre e faz cumprir o Regulamento não é aficionado? Ou será o contrário?
Vai mal o mundo da Festa com momentos como estes…
Por: Catarina Afonso
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